domingo, 29 de setembro de 2013

ENTREVISTA 10 COM PAULO CAMPOS


PAULO CAMPOS
UM CHAPÉU CHEIO DE POLÍTICA E POESIA

“Pela cultura tenho amor, pela política tenho paixão. Sei que os políticos precisam de alguma forma resgatar esse débito histórico com os nossos artistas e com a nossa cultura.”.
         
Poema de cartaz
S
em nenhuma dúvida, Paulo Roberto Campos Silva, o nosso Paulo Campos é o poeta mais talentoso de nossa cidade. Filho do casal Zélia Campos Silva e Ivaldo Pouso Silva, esse iluminado nasceu em 15/05/63, em Bacabal-MA, onde foi criança de jogar bola, pegar passarinho, criar galos de briga, criar cães, brincar nas matas, nos quintais, roubar frutas, banhar no rio Mearim, pescar, caçar, trocar revistas aos domingos na porta do Cine Kennedy e brincar de viver com os meninos do seu tempo. Formado na universidade da vida em cultura, ele estudou no Colégio Nossa senhora dos Anjos, onde começou a descobrir o seu dom para as letras. Casado com Maria Joaquina Sanches Campos, empreendedora individual, ele é pai de Paulo Roberto Campos Silva Filho, 23 anos, que cursa Engenharia de Produção na Universidade Federal do Piauí; Mateus Sanches Campos, 20 anos, que cursa Administração no IFMA-Campus Bacabal, passou para zootecnia na Universidade Estadual do Maranhão, mas optou pela Polícia Militar do Maranhão e Lucas Sanches Campos, 16 anos, que faz o curso Técnico em Informática Integrado no IFMA-Campus Bacabal.

CAPÍTULO  EXTRA
Paulo Campos e Zé Lopes
De tudo que a vida lhe fez viver, a parte melhor foi a infância, diz Paulo Campos. “Nosso tempo de menino, das gaiolas de passarinho, das brincadeiras de rua, das noites, dos vaga lumes pintando no escurecer, dos quintais, das mangas, goiabas, das murtas, bostinhas de cabra, dos piaus, piabas, do nosso Mearim, do céu estrelado, dos festejos, do largo da igreja, das coisas boas que os tempos não trazem mais, assim foi minha infância, assim foi nossa infância, que tanto ainda me serve de alimento.” Poetiza ele.

PÃO E POESIA
Zé Lopes, Silvio, Abel e paulo Campos
Paulo Campos herdou o dom das lindas frases do seu avô, poeta Miguel Campos. O incentivo, comenta Paulo,  deve a grandes parceiros de muitas caminhadas, Zé Lopes, Abel Carvalho, Jânio Chaves, Louremar Fernandes e outros tantos poetas e escritores. Logo cedo começou a construção de uma nova história na cultura bacabalense, foram muitos poemas e composições, um vasto material publicado no Jornal Diário do Norte, Jornal Imparcial, jornais locais, panfletos, cartazes-poemas, nos varais e murais das feirinhas culturais, na pioneira Rádio Mirante FM. “O poema era nossa arma, servia para amar, para cobrar, para indignar nosso velho companheiro das mesas de bar, onde tudo se sonhava, onde tudo se queria, foi assim que vivi, foi assim que vivemos. Hoje ainda estou aqui, fazendo o que a vida me inspirou a fazer” , reitera.

A ARTE DA POLÍTICA

Beto pereira, carmem Lopes, Ourinho, Zé Lopes, Louremar e Paulo Campos
Logo cedo, Paulo Campos iniciou na luta dos movimentos culturais de Bacabal, junto com grandes parceiros como Abel Carvalho, Zé Lopes, Perboire e outros tantos companheiros. Construíram grandes movimentos, como Casa do Artista de Bacabal, Associação de Imprensa, e outros tantos mais. Incentivado por parceiros como o blogueiro Sérgio Mathias, Campos iniciou sua vida política. Fui candidato a vereador se elegendo em 1998 e novamente em 2002. Em 2004 foi eleito presidente da Câmara Municipal. De lá para cá ele nunca mais saiu da política e vice-versa. Foi assessor, secretário, articulador, candidato novamente, hoje está primeiro suplente de vereador . Paulo Campos continua escrevendo poemas e composições e militando na política, além de nos fins de semana, pescar, cozinhar e beber uma cervejinha com os amigos.

Festuval de Música


ENTREVISTA

01 - Blog do Zé Lopes – O senhor que é poeta,  compositor, membro da Academia Bacabalense de Letras e figura presente em todas as vertentes da cultura. Como vai a administração do Secretário José Clécio?
Paulo Campos – Na verdade, Bacabal tem um débito histórico com a nossa cultura. Ao longo dos anos, secretários de cultura, vem erradamente tentando resgatar isso, geralmente confundindo cultura com festas, festejos e folias. Não sei se o Clécio é esse cara, mas precisamos que, ao invés dessa velha política, se faça cultura que fomente cultura, que se trabalhe as edições fonográficas, as edições literárias, o artesanato, o teatro, o resgate das nossas identidades culturais, das nossas tradições. Para que isso aconteça é preciso vontade política, equipe e conhecimento.
02 - Blog do Zé Lopes – Bacabal tem uma Academia de Letras e vários literatos bacabalenses, inclusive de prêmios, são totalmente relegados a insignificância, enquanto há uma política para que pessoas que nada tem a ver e nada tem haver com a nossa literatura  assumam cadeiras e dizem alguns blogs, que o senhor tentou emplacar do nome do desembargador Guerreiro Júnior. Isso é verdade?
Paulo Campos – Eu e o colega Casanova, fizemos o convite ao compositor e escritor Guerreiro Junior. Como fizemos também, ao escritor professor Zé Carlos e a outros tantos escritores e poetas, pois entendemos que precisamos fortalecer essa entidade tão importante para a cultura da nossa cidade. Que os nobres compositores, poetas e escritores venham se unir a nós, para que possamos ajudar esses dois grandes ilustres,  Casanova e Costa Filho, a carregar esse fardo de letras que é a nossa academia. Aguardamos ainda a resposta e o material.

03 - Blog do Zé Lopes – O senhor já foi vereador por três mandatos, milita na política de Bacabal, tem visão e o dom da palavra. Na sua opinião,  a cidade está no caminho certo e se não tiver, o que está faltando?
Paulo Campos – Todo administrador encontra grandes dificuldades. Com a nossa administração não é diferente, para estar no caminho certo, é preciso ter grupo forte, uma boa equipe e uma boa assessoria, ter humildade para ouvir e firmeza para mandar. Acredito que o nosso prefeito irá encontrar o caminho certo.
04 - Blog do Zé Lopes – O senhor foi um grande entusiasta da cultura bacabalense, participou ativamente da Casa de Cultura, das feiras culturais, dos festivais de música, dos grandes desfiles de carnavais, das ruas de lazer, dos arraiais, do Boi Bacaba, do projeto Mesa de Bar, Nossa Voz, Os Lamas, dentre outros. Olhando para trás e vendo que nada disso existe mais, lhe deixa indignado? O que lhe vem a cabeça?
Paulo Campos – Além da grande indiferença política para com o movimento que foi talvez nosso maior entrave, houve naturalmente ao longo dos anos a dispersão desses movimentos, muitos membros ativos como produtores culturais, músicos, compositores, enfim, por motivos particulares como trabalho, família, tiveram que se ausentar ou abandonar os movimentos, deixando um vazio muito grande. Segmentos como escolas de samba, grupos de pagode, bumbas bois, quadrilhas, e outros, acabaram suspendendo suas atividades ou desativados, gerando grande vazio e um grande prejuízo para nossa cultura. Houve também a falta de estímulo e investimento para os nossos novos valores, para que preparados pudessem substituir os que se foram. Então, o que mais nos dói, é ter perdido o que nós tínhamos sem termos tido a capacidade de preservar ou mesmo de resgatar.

05 - Blog do Zé Lopes – No campo político, o senhor foi elogiado por uns e execrado por outros. No campo da cultura, é público e notório que o senhor não foi bem, já que a cultura acreditou na sua gestão. Faltou apoio por parte dos governantes?
Paulo Campos – Logo cedo, descobri um grande amor pela cultura. Mais tarde, fui acometido de paixão pela política, como nas paixões, na política vivi altos e baixos, tive encantos e desencantos. Hoje tenho a plena consciência de que na militância, na luta dos movimentos, pude fazer muito mais pela nossa cultura, pois no campo político muito pouco pude fazer. Sei que os políticos precisam de alguma forma resgatar esse débito histórico com os nossos artistas e com a nossa cultura.

06 - Blog do Zé Lopes – Sabemos que o senhor hoje está do lado do prefeito Zé Alberto. Até agora, a gestão dele não tem agradado. O que o senhor diria para ele nesse momento para reverter esse quadro?
Paulo Campos  Que tenha humildade para ouvir, vontade e firmeza para enfrentar. Sei que administrar nunca foi fácil e nunca será, mas que com um bom grupo, uma boa assessoria, e vontade de realizar, naturalmente a tendência é melhorar.

07 - Blog do Zé Lopes – O senhor é um excelente articulador político, fez um grande trabalho com o Hilton da Trizidela e por pouco não o elegeu a deputado estadual.  Sabendo-se que é um nome em ascensão na política de Bacabal, e que o Carlinhos Florêncio não correspondeu, o que vem fazendo a militância em prol do nome Hilton?
Paulo Campos – Quando rompi com o governo Lisboa para articular a candidatura do Hilton para Deputado Estadual, eu tinha um projeto que não se resumia só no Hilton. Meu projeto era construir uma nova força política para se unir as outras forças de oposição de Bacabal, para juntos enfrentarmos o grupo da situação com uma candidatura alternativa. Logo após a eleição, o Hilton me procurou dizendo que era candidato a prefeito, eu tentei colocar que era cedo, que a gente precisava conversar com os outros segmentos, formar uma grande aliança, ele me respondeu que o nome era ele e que não abria pra ninguém, ainda tentei argumentar. Depois dessa conversa, ele nunca mais falou comigo.

08 - Blog do Zé Lopes – O que lhe assusta na cultura de Bacabal?
Paulo Campos- É não ver o que via, não ter o que tinha, ver o passado passar, a memória se apagar, com a certeza que nenhum registro terá. É ter convivido com Alfredo, Amâncio, Santo Preto, e não poder ver, ouvir, ler, uma única página sobre suas histórias. É ter tido tantas alegrias e glórias no nosso carnaval e não ter nenhum registro fonográfico ou literário das nossas grandes obras. É ter uma academia de letras com tantos ilustres autores e não ter quase nenhum registro de suas obras. É ter artistas, artesãos, músicos, pintores, compositores, enfim, quase todos sem os registros das suas obras. É isso que mais me assusta. É perder a memória, é morrer sem memória, sem registro do que fomos, do que fizemos, da nossa história.

09 - Blog do Zé Lopes – O que lhe assusta na política de Bacabal?
Paulo Campos. - Ter que conviver com a idéia das coisas não darem certo, perder esperança mais uma vez, por isso preciso de alguma forma, mesmo pequeno que sou, continuar ajudando para que as  coisas dêem certo, buscando sempre uma Bacabal melhor e mais justa, onde o bem se sobreponha ao mal.

10 - Blog do Zé Lopes - Bacabal ainda tem jeito?

Paulo Campos – Precisamos sempre acreditar que sim. A construção de uma Bacabal melhor sempre foi o nosso maior desejo, por isso, de alguma forma precisamos continuar dando a nossa parcela de contribuição para que essa vontade se torne realidade.

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