quarta-feira, 21 de maio de 2014

SÃO LUIS - GREVE DOS RODOVIÁRIOS É ADIADA POR 24H E DEVE COMEÇAR AMANHÃ


O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão (Sttrema) adiou para amanhã o início da greve da categoria. A paralisação dos motoristas, cobradores e fiscais de ônibus de São Luís estava prevista para começar à 0 hora de hoje, mas foi adiada, porque os trabalhadores decidiram seguir negociando o reajuste salarial. Amanhã, apenas 30% da frota de ônibus da capital deve circular e o restante da frota deve permanecer nas garagens. Os rodoviários pedem aumento de 16%, mas os empresários alegam falência do sistema de transporte coletivo.

O presidente do Sttrema, Gilson Coimbra, afirmou que a categoria continua em estado de greve, mas que em reunião realizada na tarde de ontem, na sede do sindicado, na Rua Afonso Pena, centro de São Luís, ficou decidido que os ônibus circularão normalmente durante todo o dia de hoje. “Rodaremos com 100% da frota e a população não precisa se preocupar, pois não há risco dos usuários ficarem sem transporte”, afirmou.

No entanto, à 0 hora de amanhã, os coletivos serão recolhidos às garagens das empresas de ônibus e apenas 30% da frota circulará até o fim do movimento grevista. A manutenção de 30% do total de veículos é uma determinação da legislação brasileira. “Amanhã [hoje], teremos uma nova reunião para discutir os rumos do movimento, mas inicialmente, colocaremos apenas 30% da frota nas ruas até o fim da greve”, informou Gilson Coimbra.

80% - Mas a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) solicitou ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) o funcionamento de 80% da frota de ônibus de São Luis durante a greve da categoria. A SMTT enviou ainda ofícios para a Polícia Militar (PM) e Guarda Municipal, para que sejam feitas rondas ostensivas em várias vias da cidade, com o objetivo de garantir a operacionalidade do Sistema de Transporte Coletivo, além de segurança aos operadores, usuários e terminais de integração de São Luís.

A SMTT informou ainda que, durante todo o movimento, manterá equipes de fiscalização de transportes na porta das garagens a fim de constatar o cumprimento do percentual mínimo determinado pela Justiça.

Reivindicações – A manifestação dos rodoviários acontece porque a categoria reivindica reajuste salarial de 16%, aumento no valor do ticket-alimentação, que passaria de R$ 429,00 para R$ 600,00; inclusão de um dependente no plano de saúde; redução da jornada de trabalho de oito para seis horas diárias; e seguro de vida obrigatório no valor mínimo de 10 vezes o valor do salário, conforme determinada a Lei Federal 12.619/2012.

Mas o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) alega que não tem condições financeiras de arcar com um reajuste salarial de 16%, já que o setor vem acumulando prejuízos mensais, que se aproximam de R$ 10 milhões. “Além disso, a Prefeitura interrompeu, este mês, o repasse mensal de R$ 2 milhões, conforme acordado em Termo de Ajustamento de Conduta firmado no ano passado. Sem essa ajuda financeira, fica ainda mais difícil manter o sistema”, afirmou Luís Cláudio Siqueira, superintendente do SET.

Todos os meses o SET envia à SMTT um demonstrativo da planilha de custos do setor. No documento, que foi mostrado a O Estado, constam os gastos mensais com combustível, pneus, recapagem, aquisição de novos veículos, folha de pagamentos, entre outros. De acordo com a planilha de custos entregue pelos empresários ao Município, no mês passado, a defasagem do setor da chega a 39,96%. “Em reunião realizada no dia 7 deste mês, a Prefeitura admitiu que o setor tem uma defasagem de 33%, resultando em um prejuízo mensal de R$ 7,5 milhões”, informou Luís Cláudio Siqueira.

Negociações - Na segunda-feira, dia 19, SET, Sttrema e Prefeitura voltaram a se reunir no Ministério Público do Trabalho (MPT) e mais uma vez não houve acordo entre trabalhadores e empresários, por isso a manutenção do estado de greve. Essa foi a terceira reunião para discutir o reajuste salarial dos rodoviários. A primeira delas aconteceu no dia 8 deste mês. Um novo encontro aconteceu no dia 14. Nas três negociações houve acordo.

Na reunião da segunda-feira, dia 19, o Município apresentou como propostas para criar subsídios financeiros aos empresários do transporte coletivo o fim da tarifa social (conhecida popularmente por domingueira), que reduz em 50% as tarifas do transporte coletivo aos domingos em São Luís, além de combate ao transporte alternativo e a fiscalização embarcada, para evitar o uso indevido de documentos que garantem a gratuidade nos coletivos.


Representantes da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) também participaram das negociações, já que dessa vez os ônibus que operam as linhas semiurbanas também vão parar. A secretaria ofereceu aos empresários a redução em 10% na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), que incide sobre o óleo diesel dos ônibus. Mas os empresários - representados pelo Sindicato dos Empresários do Transporte Coletivo (SET), rejeitaram as ofertas, alegando que os benefícios não reduziriam o déficit orçamentário registrado mensalmente pelas empresas, que é de R$ 8 milhões. “Todas estas ofertas cobririam apenas os R$ 2 milhões que a Prefeitura já suspendeu, então, no fim das contas, continuaríamos com as mesmas dificuldades”, explicou Luís Cláudio Siqueira.

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